A repercussão cultural desse surto de progresso também foi significativa. Em 1858 Porto Alegre inaugurava uma grande casa de ópera, o Theatro São Pedro, decorado com grande riqueza. Os saraus literários se tornavam uma moda, e na capital se fundava em 1868 a Sociedade Parthenon Litterario, reunindo a nata da intelectualidade gaúcha. Nesse círculo brilharam os primeiros literatos, educadores, políticos, doutores, artistas e poetas de vulto do estado, como Luciana de Abreu, Caldre e Fião, Múcio Teixeira, Apolinário Porto Alegre, Carlos von Koseritz e vários outros.
A instalação dos novos imigrantes alemães, que continuavam a chegar, porém, se fazia com mais dificuldade. Mudanças nas leis estaduais tornaram a aquisição de terra onerosa para os colonos e impuseram uma hipoteca compulsória sobre as terras até sua quitação, e iniciativas privadas de atração de novos alemães nem sempre foram coroadas de sucesso. Também se registraram confrontos sangrentos com remanescentes dos povos indígenas nas áreas desbravadas, e eventos de violência entre os próprios alemães, como a Revolta dos Muckers, de caráter messiânico. Mesmo assim, a colonização como um todo prosperou, trouxe as culturas da batata, dos cítricos, do fumo, introduziu a cerveja, promoveu a industrialização, o artesanato, a educação privada e a policultura, e fundou uma série de outras cidades, como Estrela, São Gabriel, Taquara, Teutônia e Santa Cruz do Sul, que logo veio a ser o maior pólo produtor de fumo. Além disso os alemães logo se organizaram em sociedades culturais onde se praticava música erudita e se encenavam peças de teatro, e se notabilizaram por sua luta pela liberdade religiosa e pela abolição da escravatura.
Em 1864, nova guerra. Desta feita contra o Paraguai. O Brasil fora invadido por Solano Lopez e o estado enviou mais de dez mil homens para a frente de batalha. A Guerra do Paraguai afetou diretamente apenas três cidades gaúchas: São Borja, Itaqui e Uruguaiana, que foram atacadas várias vezes, mas depois de um ano o conflito direto se moveu para outros locais, e o estado como um todo foi relativamente pouco abalado. Mas graças à atuação destacada do gaúcho General Osório no conflito, o prestígio do estado cresceu sensivelmente. Ele foi um dos fundadores do Partido Liberal no estado, que iniciou a partir de 1872 uma marcha ascendente até enfim dominar a situação política gaúcha. Com sua morte abriu-se espaço para outra personalidade brilhante, o de início liberal mas depois monarquista Gaspar da Silveira Martins, criador do jornal A Reforma e ocupante de vários cargos públicos, incluindo o de Presidente da Província. Ele seria chamado de "o dono do Rio Grande", tal sua influência.
Propriedade rural italiana na região de Caxias do Sul, fim do século XIX
A partir de 1874 o trem já circulava entre a capital e São Leopoldo, dando a partida para a modernização dos meios de transporte no Rio Grande do Sul. O ando de 1875 também foi um ano importante, pois começaram a chegar as primeiras levas de imigrantes da Itália, em novo projeto oficial de colonização, ora da Serra do Nordeste, ao norte da área ocupada pelos alemães. Apesar das previsíveis dificuldades de instalação numa região ainda totalmente virgem, e do limitado apoio governamental aos colonos, o empreendimento foi exitoso, e até o final do século chegariam ao estado cerca de 84 mil italianos, sem contar grupos menores de judeus, polacos, austríacos e outras etnias. Através dessa nova onda imigratória se fundaram cidades como Caxias do Sul, Antônio Prado, Nova Pádua, Bento Gonçalves, Nova Trento e Garibaldi, e se introduziram produções novas como a uva, os embutidos e o vinho. Como acontecera com os alemães, criou-se uma cultura regional muito próspera e muito característica, até com dialeto, hábitos e arquitetura próprios. O estado atravessava uma fase de real florescimento, já havia cerca de 100 indústrias em atividade no estado, que evoluíram a partir de artesanatos e manufaturas, e em 1875 a sociedade se sentiu capaz de exibir publicamente o resultado de seu esforço numa primeira exposição geral, montada no Arsenal de Guerra de Porto Alegre. No catálogo da mostra constavam 558 produtos, desde roupas, maquinário pesado e instrumentos de precisão até relógios e obras de arte. O evento foi um sucesso absoluto, saudado como "um festim do trabalho" pela imprensa da época.
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