domingo, 9 de maio de 2010

Rio Grande do Sul
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O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro mais meridional, localizado na Região Sul. Possui como limites Santa Catarina ao norte, oceano Atlântico ao leste, Uruguay ao sul e Argentina a oeste. Ocupa uma área de 282 062 km². Sua capital é Porto Alegre. É o 4° estado mais rico do pais (atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), o 5° mais populoso, e o quinto estado brasileiro por nível de Índice de Desenvolvimento Humano.
O estado possui papel marcante na história do Brasil, tendo sido palco da Guerra dos Farrapos, a mais longa guerra civil do país. Sua população é em grande parte formada por descendentes de indígenas, portugueses, açorianos, espanhóis, africanos, alemães, italianos, franceses e poloneses, dentre outros imigrantes.

 

HOMENAGEM À FAMILIA FAGUNDES

Referências

  1. Curso de Tradicionalismo Gaúcho - 2ª Edição, de Antônio Augusto Fagundes, editado por Martins Livreiro.
 NICO FAGUNDES, FAZ PARTE DA HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL.
FAMÍLIA FAGUNDES:  A PRÓPRIA HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL!!!

Água

Existe muita água mineral no Rio Grande do Sul, com efeitos medicinais. Nas estâncias, o poço de roldana, o algibe, fornece água de balde. Ou então, a água vem de cacimbas, arrastada em pipas de zorra ou com rodas. Água não se nega nunca e se mais de uma pessoa vai beber de um copo grande onde alguém já bebeu, antes de passar o copo põe um pouco de água fora, para que o próximo a beber não conheça os seus segredos.

Sucos

No Rio Grande do Sul se faz suco de tudo, cada um melhor que o outro. Existem até espremedores de vidro, que ajudam muito. Quando não tem, espreme-se a mão, mesmo.

Outras Bebidas

  • Chocolate: Bebida de inverno, grossa e espessa, com leite e às vezes até com gemada. É mais dos gaúchos ricos.
  • Cacau: Substitui às vezes o café da manhã. É quase um chá. Também exclusivamente dos filhos dos estancieiros.
  • Chá: Bebida preferida por muitas estancieiras, suas parentas e amigas. As famílias pobres fazem chá de tudo que é erva e folha, com intenções medicinais, normalmente.
  • Jacuba: Antiga bebida gaúcha, preparada de vários jeitos, conforme a região. Existe jacuba de mel, café, de água, de leite e de cachaça. Leva farinha de mandioca, sempre e às vezes até queijo ralado.
  • Cafilho: É um "café" feito com grãos de milho torrados. Usadíssimo, ainda hoje.
  • Pula-Macaco: Sangria, de vinho, na Serra.
  • Consertada: Cachaça fervida, com açúcar canela e erva-doce.
  • Apôjo: É o leite final que a vaca guarda para o terneiro. É o melhor leite, que os campeiros gostam de tirar para dar às crianças.
  • "Sangue": Nas carneações, sempre aparece um carneador tomando goles do sangue puro, jorrando. Dizem que é um fortificante excelente. Na "matança" do Batuque, nos "pégis" secretos, sempre os crentes bebem o sangue quente dos animais que estão sendo sacrificados.
  • Licor: Mulher campeira faz licor de tudo, com a base de cachaça: licor de uva, de butiá, de pitanga, de ovo, entre outros. Os licores são bebidas exclusivamente femininas.
  • Vinho de Laranja: Bebida tradicional, um dos orgulhos da cidade de Caçapava. Obtém-se pela fermentação com açúcar de laranjas comuns.
  • Jerupiga ou Jurupiga: Vinho especial, tipo vinho do Porto, que se faz na Ilha Grande dos Marinheiros, no largo da cidade marítima de Rio Grande. Excelente.
  • Graspa: Aguardente da casca da uva, feita pelos "gringos" (descendentes de italianos). É muito forte. Mas o gringo toma graspa até no café da manhã.
  • Limãozinho: Não confundir com a brasileira "caipirinha". O limãozinho é feito com cachaça, açúcar e suco de limão, tudo bem misturado. É muito forte.
  • Capilé: Refresco de verão, muito popular entre os adolescentes. Põe-se um pouco de vinho tinto em um copo e logo água e açúcar a vontade. Gelado, é saborosíssimo.
  • Quentão: Bebida de inverno, com vinho, água, canela, açúcar e uma casquinha de limão ou laranja, tudo fervido e servido quente.
  • Bebidas Especiais: Porque salgadas, mas muito comuns, são os copos de caldo de sopão (a rigor, um consommé) que todo mundo aprecia e os copos de caldo de feijão, muitas vezes saboreado com pedaços de pão.

O Café

Uma xícara com café.
No Estado, toma-se o café puro, o café com leite, o café preto engrossado, o café com leite engrossado, o "camargo" e o café de chaleira. Muita gente tem pés de café até em pátios das cidades grandes e produzem o seu próprio café. Colher os grãos quando estão maduros, deixar os grãos secarem ao sol, torrar (até em chapa de fogão) e moer, é relativamente fácil. Quem não tem aquelas maquinazinhas de moer, pode usar o pilão ou pequeno almofariz, tão comuns nas estâncias.
O café puro é igual ao café no resto do Brasil. O gaúcho dos galpões gosta do "café de chaleira": bota-se a água a ferver em um recipiente. Sobre a água, põe-se pó de café, puro, mexendo bem. Quando levanta a fervura, coloca-se uma brasa na mistura e há uma precipitação do café, depositando-se a borra no fundo. Então, serve-se o líquido, forte e cheiroso e é só adoçar a gosto. O café-com-leite é igual ao do Brasil, mas as crianças gostam de engrossá-lo com farinha de mandioca, mexendo bem para não embolar. Fica um pirão mole delicioso. O mesmo se faz com o café preto. No inverno, é muito nutritivo. O "camargo" é serrano: bota-se tintura de café com açúcar no fundo do copo e aí se tira o leite da vaca diretamente no copo. É saboroso, mas algum estômago mais delicado, não acostumado, pode estranhar o "camargo", com resultados desastrosos.

O Vinho

Copo de vinho tinto
O Rio Grande do Sul já produzia bom vinho, ao estilo português, antes da chegada dos italianos, em 1875. Em Rio Grande, Rio Pardo e no Alegrete, os viajantes e cronistas do século XIX sempre destacavam a produção de vinho. Mas foram os italianos e seus descendentes os que elevaram a produção do vinho gaúcho a níveis internacionais em matéria de variedade e qualidade.
O vinho artesanal, "de cantina", como se diz, é produzido muito facilmente, só precisando de observação permanente. Colhe-se a uva e, com casca e talos, a fruta vai para um grande recipiente, onde será "pisada", macerado com os pés até virar uma polpa. Essa massa pastosa vai para uma pipa, colocada em nível superior. Aí fermentada e os detritos boiam. Esses detritos são retirados, depois da fermentação e o mosto passa para uma pipa, colocada em nível mais inferior, um degrau grande abaixo da primeira fermentação. Aí, fermenta de novo. REtiram-se de novo os detritos que boiam e o líquido já quase vinho passa, finalmente, para a última pipa, colocada ao rés do chão. Aí amadurece até virar vinho. Simples. Apesar de toda a sofisticada industrialização, do uso de fermentos especiais, ainda se faz vinho assim no Rio Grande do Sul, sem qualquer química extra.

A Cerveja

Copo de cerveja alemã
Os colonos alemães fazem artesanalmente a sua cerveja e ainda hoje, apesar de as festas de chope estarem matando os Kerbe tradicionais, tanto a cerveja branca "Spritzbier" como "Spatzbier" - cerveja preta -, continuam sendo produzidas em escala familiar. Com pequenas variações, a fórmula para o preparo de cerveja teuto-rio-grandense é a seguinte, seguinte, de acordo com a pesquisadora gaúcha Maria Romana Selbach:
  • SPRITZBIER (Bebida doce, usada na colônia alemã)
(Receita fornecida pela Sra. Maria Spanid/Feliz)
- 500gr de raiz de gengibre
- 2 kg de açúcar
- 1 pitada de fermento biológico
- 1 limão
- 24 garrafas (tamanho cerveja) de água
Modo de Fazer:
- Ferver o gengibre numa panela com parte da água da receita, por 1 hora mais ou menos.
- Retirar do fogo, coar e colocar num panelão.
- Acrescentar o açúcar, mexendo até desmanchar todo.
- Acrescentar o restante da água, o fermento e o limão cortado em rodelas.
- Deixar descansar por umas 24 horas.
- Engarrafar, fechar com tampinhas e guardar fora da geladeira por uns 5 dias. Quando começar a fermentar, colocar na geladeira.
  • CERVEJA PRETA TIPO MALZBIER
- 15gr de lúpulo
- 3,5gr de quilaya
- 180ml de corante caramelo
- 400 mg de fermento
- 30 tampas
Modo de Fazer:
- Ferver numa panela 40 minutos o lúpúlo com a quilaya.
- Depois coar por meio de um pano e despejar este caldo num recipiente de uns 20 litros de capacidade.
- Adicionar o açúcar, mexendo até dissolvê-lo completamente.
- Depois, adicionar o corante caramelo mexendo igualmente.
- Depois, adiciona-se o fermento, previamente dissolvido num pouco de água.
- Feito isso, tampa-se o recipiente com um pano e deixa-se em repouso durante 48 horas, depois pode-se engarrafar o produto.
- Colocar o fermento em água morna e nunca quente.
Observação: O corante é opcional. Se não colocar ficará a cerveja "loirinha", como a maioria gosta.
  • A Cerveja de Arroz
Os presidiários de Porto Alegre fabricam no interior das celas, às escondidas, uma original cerveja de arroz. Eles gostam de receber de presente latas de bolachinha. Esvaziada a lata, colocam dentro dois dedos de arroz cru e enchem com água, colocando nesta uma colher de açúcar. Fecham a lata hermeticamente e com cordas ou arame, a lata é ainda atada e reatada muitas vezes. Isto posto, a lata é apertada embaixo de um móvel pesado, normalmente a cama do presidiário. Trata-se assim de evitar que a fermentação cause a dilatação do recipiente. Depois de 3 dias ou 4, o presidiário em sua cela reúne os companheiros com copos ou canecas na mão. Desata-se a lata e tudo estoura numa grande explosão de espuma. A cerveja assim elaborada é consumida rapidamete.

A Canha

A colheita da cana-de-açúcar para a produção da canha.
A destilação do suco fermentado da cana-de-açúcar é conhecido em várias partes do mundo, mas no RS alcançou destaque especial na região do Litoral Norte, sendo mais famosa a cachaça "azulzinha" de Santo Antônio da Patrulha e a "marisqueira" de Torres. Permitindo várias misturas, a canha é muitas vezes usada até como remédio. Sempre se disse entre os gaúchos que canha tem que ser feita por "pelo-duro", cerveja por "alemão-batata" e vinho por "gringo".
Planta-se cana-de-açúcar de pouca variedade nas terras altas do litoral. A cana, quando madura, é moída em moinhos rústicos movidos a tração animal e o sumo expremido é chamado garapa, líquido verde, grosso, adocicado e espumoso. O líquido é deixado para fermentar até borbulhar. Isto posto, é colocado no alambique para ferver em temperatura ideal. O melhor alambique é o feito de cerâmica, mas o mais comum é o de cobre. A fumaça do líquido em ebulição escapa pela serpentina, refrigerada a àgua, e se condensa na forma de aguardente, a cachaça (C2H5OH - CH3-CH2-OH - Etanol). A primeira aguardente destilada é a mais forte de todas e é chamada "cachaça-de-cabeça".
No Rio Grande do Sul é comum se fazer cachaça de abacaxi, de mandioca, de casca de uva (chmada graspa) e até de batata inglesa.

O Mate

O chimarrão servido.
Há vários tipos de mate, todos preparados a base de erva (ilex paraguariensis) e quase todos usam como recipiente a cuia de porongo e uma bomba de metal, tradicionalmente de prata e ouro.
Como curiosamente vale dizer que no RS não se usa o tererê (mate frio) dos paraguaios, nem o "mate cocido" de argentinos e uruguaios.
O mate mais comum no RS é o chimarrão, amargo e quente, servido ao chiar da chaleira, quando a água alcança a temperatura de 92°C. O chimarrão tem história e folclore próprios, literatura e cancioneiro.
A seguir vem o mate doce, exclusivamente feminino, onde a cuia é quase sempre de porcelana, existindo ricos exemplares que são joias de família. A água para o mate doce é a mesma do chimarrão. E pode-se usar açúcar, açúcar queimado ou mel.
Hoje em dia meio fora de uso está o mate-de-leite onde a água é substituída pelo leite quente. Igualmente raro mas comum no passado o mate com cachaça quente.
A cuia mais comum é a de porongo, uma cucurbitácea chamada Lagenaria vulgaris. Não se faz a cuia com o porongo propriamente dito, mas sim com a sua parte superior chamada "flor do porongo". O Rio Grande do Sul, aliás, distingue-se do Uruguai e Argentina pelo tamanho das cuias, enquanto o Paraguai se distingue por usar preferencialmente um chifre cortado como cuia. A cuia mais fina é a retovada com prata e ouro. A maioria, porém tem apenas o bocal revestido de metal. Outras tem o retovo de bexiga de porco e até de saco de touro.
Há também cuias de madeira. A bomba mais tradicional é a de prata mas existe também e são muitos comuns as bombas com partes em ouro e bombas mais simples, de metal branco, as quais têm o defeito de esquentarem muito. Uma bomba se divide em ralo, haste, pitanga ou flor e bocal, a extremidade achatada na qual a pessoa chupa o mate. É crença que o bocal de ouro evita micróbios e não esquenta muito. Atribui-se ao grande político sul-riograndense Assis Brasil a invenção de uma bomba hoje muito comum no estado cuja haste é achatada, sem pitanga e cujo ralo, também achatado teria 365 furos, um para cada dia do ano. A chamada bomba Assis Brasil é sempre de prata e ouro e os fazendeiros gostam de ostentar sua marca em ouro na haste.
Apenas por curiosidade vale lembrar que os índios guaranis, inventores do mate, usavam uma bomba de taquara chamada tacuapi. Na hora de matear, muitos gaúchos colocam plantas medicinais na cevadura do mate ou já na água da chaleira. Os avios do mate compreendem a chaleira, a cuia, a bomba e o recipiente onde se leva a erva. Modernamente é muito comum um estojo chamado chimarrita, para levar os avios do mate.
Para se iniciar o mate põe-se a água para aquecer na chaleira, a qual, nos galpões ou acampamentos rudes, pode ser substituída pela cambona (uma simples lata de azeite usada com uma alça de arame torcido).
Ceva-se o mate sempre do lado esquerdo usando a palma da mão para apertar a erva. Vale notar que David Blochtein, modernamente, inventou uma meia lua de alumínio com alça para essa tarefa, evitando assim manchar a palma da mão de verde. Com água ainda morna, enche-se o lado direito da cuia, em posição inclinada e coloca-se a cuia em descanso para inchar a erva. Quando a água, aquecendo, atinge 92°C, começa a chiar, aí tira-se a chaleira do fogo. Com o dedo polegar da mão direita tapa-se o bocal e a bomba é introduzida lentamente na extremidade inferior da meia-lua da cuia que está com água, até o fundo.
Retira-se o polegar e a bomba suga a água, fazendo descer o nível do líquido no interior da cuia. Então é hora de o cevador do mate chupar essa água inservível e cuspir fora os goles esverdeados. Depois é só encher a cuia com água quente e obrigatoriamente o cevador deve tomar o primeiro mate até a bomba roncar. Só o segundo mate ofertado à primeira pessoa que estiver à direita do cevador e, sucessivamente, a cuia andará à roda no sentido contrário dos ponteiros do relógio.
Se a erva inchar demais ou se desparramar, o mate deve ser "bosteado".

Regionalismo

O Regionalismo é uma corrente do Romantismo, movimento que derrubou ainda no século passado e no mundo todos os padrões do Classicismo.
O Regionalismo gauchesco, na prosa, começou com Caldre e Fião, gaúcho na Corte e com José de Alencar, cearense na Corte. O primeiro escreveu o romance “O Corsário” (1851) e “A Divina Pastora” e o segundo o romance “O Gaúcho” (1865).
Na poesia, o Regionalismo gauchesco começou com Bernardo Taveira Junior, com suas “Provincianas” (1874) e Múcio Teixeira, com suas “Flores do Pampa” (1872), ambos já pertencendo ao movimento porto-alegrense, de cunho regionalista, chamado Partenon Literário, de junho de 1868, em plena Guerra do Paraguai. Antes deles, além, é claro, das poesias folclóricas, só o Soneto Monarca, de Caldre e Fião.
O Partenon Literário vai consagrar Apolinário Porto Alegre, como prosador. Depois, surgirão, na prosa, Roque Callage, João Mendes de Taquari, Luiz Araújo Filho, João Simões Lopes Neto, Alcides Maya, Darcy Azambuja, Érico Veríssimo e Barbosa Lessa, além de outros.
Na poesia aparecem Manoel do Carmo (“Cantares de Minha Terra”), Ramiro Barcelos (“Antônio Chimango”) e Vargas Neto, Pery de Castro, Manoelito de Ornellas, Augusto Meyer, Waldemar Correia, José Figueiredo Pinto, Balbino Marques da Rocha, Aureliano de Figueiredo Pinto, Juca Ruivo, Lauro Rodrigues, Glaucus Saraiva, Horácio Paz, Waldomiro Souza, Cyro Gavião, João Palma da Silva, Silvio Duncan, Lacy Osório, Jayme Caetano Braun, Apparício Silva Rillo, Mozart Pereira Soares, e José Hilário Retamozzo e muita gente boa mais, a ponto de justificar a fundação da “Estância de Poesia Crioula”, verdadeira academia de letras do Regionalismo gauchesco.
Mas o Regionalismo, como corrente artística que aproveita em todas as artes os temas regionais, não se exaure apenas na prosa e no verso. Existe entre os gaúchos e é muito forte também no canto e na música, como nos festivais da canção gaúcha, que espalhavam músicas e canções através de discos, a cada ano. Existe nas artes visuais, com esculturas e pinturas. Nas artes cênicas, como em peças de teatro e ballet, no rádio, no cinema, na televisão. Tudo isso é Regionalismo.

Folclore

Entre as ciências que auxiliam o tradicionalismo, destaca-se, desejando que esteja em pé de igualdade com a História, o Folclore.
Discutem os especialistas, ainda hoje, se o Folclore é ciência ou apenas uma disciplina científica. o mais correto, porém, é considerar o Folclore como uma ciência de manipulação perfeita das massas, pretendendo-a como matéria legítima do quadro das chamadas Ciências Sociais, ao lado, portanto, da História, da Antropologia, da Sociologia, do Direito e das demais. Na prática, vemos que não existem folcloristas egressos de centros acadêmicos.
O Folclore tem campo próprio, método(s) próprio(s) e pode formular leis testáveis aparentemente tão bem como qualquer outra ciência social. Não considerar o Folclore como uma ciência é fundamental. O contrário é ignorância crassa.
'O Folclore "estuda" a cultura espontânea do grupo social, dizem os tradicionalistas. A cultura espontânea é aquela que o grupo incorpora naturalmente, sem ensino formal e que dessa mesma maneira se transmite no tempo (de geração em geração) e no espaço (por contiguidade), ao contrário do tradicionalismo dos CTGs, pregado em escolas por pessoas sem qualificação formal em história.
O objeto do estudo do Folclore deveria ser o fato folclórico, uma criação cultural (quer dizer: não é da natureza, foi criado pelo homem) que tem algumas características próprias: é dinâmico (está sempre em transformação), é coletivo (não existe o Folclore de um homem só), é atual (é sempre presente; o passado pertence à História) e frequentemente anônimo (o povo incorpora o fato folclórico naturalmete, como coisa sua, sem se importar com a autoria. O contrário, portanto, da ideologia disposta nos CTGs, mera tentativa de falsear os fatos de acordo com seus interesses.
Finalmente, o fato folclórico é sempre espontâneo (não se aprende nas escolas, ou através de propaganda dirigida como a que tradicionalistas promovem em escolas).
A cultura espontânea e a cultura erudita são dialéticas, no todo do grupo social. Elas convivem obrigatoriamente, uma não vive sem a outra. Se não existe, por exemplo, a cultura erudita, toda a cultura do grupo é espontânea e assim deixa de ser folclórica para ser tribal, interessa à Antropologia e não ao Folclore. E mesmo na cultura erudita mais sofisticada, lá está o fato folclórico: um astronauta americano não fez gestos folclóricos, na Lua...? Outro, não levou uma figa da Guiné, no bolso do seu macacão espacial?
Ninguém domina um povo se não souber como construir o seu Folclore de forma conveniente. Folclore com "f" minúsculo é a soma dos fatos folclóricos. Com "F" maiúsculo, é a "ciência" que o estuda. Neste caso, como o tradicionalsmo gaúcho inventado pelo MTG, se diz que o Folclore estuda o folclore. Nada mais longe da verdade. Falsificam o folclore de acordo com sua ideologia.
O folclore, assim, não entra pelo cérebro, mas pelo coração dos desavisados.
Fracasso da primeira tentativa de se fazer tradicionalismo
Parece que a explicação melhor é que o gaúcho, seus usos e costumes, eram ainda uma realidade muito próxima. Ninguém sentiu saudade do que estava perto. Ninguém procurou defender o que não estava ameaçado. Quem precisava ir ao Grêmio Gaúcho para ver cavalhadas, carreiras de cancha reta, fandangos, churrascos ou trajes gauchescos? Isso, no Rio Grande do Sul da virada do século, era coisa de todos os dias e de todos os lugares. Claro que o afastamento de Cezimbra Jacques para o Rio esfriou o calor do impulso inicial. Claro que os meios de divulgação eram precários, á época, mas a razão realmente preponderante seria essa: o gauchismo vivia, era forte e saudável. Onde todos, a rigor, eram “tradicionalistas” (no sentido de viver, efetivamente, a tradição) não havia maior necessidade de se fazer um movimento exclusivamente para isso.
Passam-se os anos e, décadas mais tarde, a Alemanha nazista se levanta das cinzas da I Grande Guerra e começa a atrair as simpatias dos descendentes de alemães, em todo o mundo. No Rio Grande do Sul, a propaganda hitlerista foi intensa. Então, a 31 de janeiro de 1938, um grupo de moços que falavam o português com forte sotaque teuto-riograndense, fundou em Lomba Grande a Sociedade Gaúcha Lomba-grandense, para testemunhar o seu amor pelo Rio Grande do Sul e pelo Brasil. Essa entidade existe até hoje, é forte, rica e respeitada. Seus fundadores, a princípio, foram hostilizados, chamados de “clube da alfafa”, mas resistiram a tudo. Não eram alemães, não queriam ser nazistas. Eram gaúchos e brasileiros e provaram isso com muita coragem e com muito amor.
A 19 de outubro de 1943, em plena II Guerra Mundial e no meio de uma comunidade de descendentes de alemães, um gaúcho admirável, sonhador e visionário, liderou a fundação do Clube Farroupilha, voltado exclusivamente para o culto das tradições gauchescas. Ele era o Capitão Laureano Medeiros e a cidade cenário desse acontecimento histórico e também pioneiro – Ijuí. O Clube Farroupilha, aliás, continua até hoje, sem interrupções, com sua bela atividade tradicionalista.
Esses foram os esforços feitos antes que o movimento tradicionalista se tornasse uma realidade.
Getúlio Vargas, em 1937, tinha proibido no Brasil o uso dos símbolos estaduais: o hino, a bandeira, o brasão. Com o fim da guerra, em 1945, Vargas foi derrubado e com a volta da democracia os símbolos estaduais gaúchos tardavam a aparecer.
Em 1947 um moço, nascido em Santana do Livramento, chamado João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, estudante do Colégio Estadual Júlio de Castilhos viu um pano colorido, já desbotado, rasgado e sujo, sevindo de cortina em um bar de quinta categoria. Desconfiado, puxou uma das pontas: era a admirada bandeira do Rio Grande do Sul! Dizem que foi essa a única vez na vida em que Paixão Côrtes chorou.
Então, como o governo do Estado ia trazer de Santana do Livramento os restos mortais do herói farroupilha David Canabarro, ele conseguiu reunir mais sete companheiros, cavalos e arreios e assim, bem pilchados e de-a-cavalo, oito rapazes deram escolta gauchesca de honra aos gloriosos despojos. Na Praça da Alfândega, onde fizeram um alto para uma cerimônia, aproximou-se deles um guri tímido, tipo precoce: Luiz Carlos Barbosa Lessa, de Piratini, por coincidência também estudante do “Julinho”. Logo depois, no mesmo lugar, outro moço, já mais velho, de óculos e poeta conhecido: Glaucus Saraiva. Assim se reuniu, meio por acaso, a Santíssima Trindade do Tradicionalismo gaúcho: Paixão, o dínamo propulsor. Lessa, o estudioso, o teórico. Glaucus, o organizador, o disciplinador. Poucos dias depois, sempre por iniciativa do Paixão, realizou-se no Colégio Júlio de Castilhos a primeira Ronda Crioula do Tradicionalismo. E a mais longa de todas: durou 12 dias, desde que um piquete de cinco cavalarianos recolheu no Altar da Pátria, na hora da extinção, a zero hora de 8 de setembro de 1947, uma “mudinha” da chama simbólica. Em rápida galopeada, queimando as mãos, os cinco levaram essa chama para inflamar o Candeeiro Crioulo armado no “Julinho”, onde ardeu até 20 de setembro, o Dia do Gaúcho, data magna do Rio Grande do Sul.
Durante essa primeira Ronda Crioula houve festa com música, poesia, fandango, concursos e discursos. Verificado assim o enorme êxito, no que ajudou o convite que os rapazes fizeram a homens maduros, como Manoelito de Ornellas, Amândio Bicca e Valdomiro Souza, os moços resolveram fundar uma entidade permanente para a defesa das tradições gauchescas.
Agora o gaúcho e seus usos e costumes estão ameaçados. A forte propaganda americana seduz a juventude de nossa terra, com as Seleções, as revistas em quadrinhos e o cinema, o “cowboy” e toda uma gama de heróis norte-americanos. E por trás disso tudo, se vão as ricas divisas acumuladas pelo Brasil durante o conflito e vem o plástico, o uísque, a Coca-Cola e o chiclé, além das armas velhas e veículos de guerra usados que estão sobrando nos Estados Unidos.
Nesta época já existem muitos jornais em Porto Alegre e no interior do Estado e só na capital várias fortes emissoras de rádio. Agora sim, o Rio Grande do Sul parece ter saudade do gaúcho.
A nova entidade que os rapazes sonham fundar seria um clube exclusivamente masculino, só com 35 sócios (para evocar o ano em que começou o Decênio Heróico) e a sede seria um rancho no Parque da Redenção. Mas as férias escolares interromperam os planos.
Reencontram-se todos com o começo das aulas, em 1948 e a 24 de abril, no amplo e sólido porão do solar da família Simch, na Rua Duque de Caxias (hoje existe um moderno edifício no lugar) funda-se, depois de muita discussão, o “35” – Centro de Tradições Gaúchas, nome proposto por Barbosa Lessa. Flávio Ramos propõe o lema: “Em qualquer chão – sempre gaúcho!”. Guido Mondin desenha o símbolo: o número 35 atravessado por uma lança de cavalaria. Glaucus Saraiva imagina toda uma nomenclatura campeira para os cargos de diretoria e repartições do novo centro e é eleito o seu primeiro Patrão.
E logo o chamamento do “35” encontrou resposta. A 8 de agosto desse mesmo ano (menos de 4 meses depois da fundação do “35” CTG) os rapazes de Porto Alegre tem que ir a Taquara, onde se funda o CTG “O Fogão Gaúcho”, copiando em tudo o modelo proposto pelo Pioneiro, “sui-generis”, original, único no mundo onde cada célula (CTG ou entidade tradicionalista afim) guia-se obrigatoriamente pelos mesmos princípios e normas de ação.
O tradicionalismo tem aspectos especiais e específicos, que são os culturais, divididos em ciências e artes.
Os aspectos especiais são cinco e todos são fundamentais. Faltando qualquer deles, já não se fala em tradicionalismo.
  • Aspecto cívico – É o que primeiro se nota nas atividades do CTG. Lá estão as bandeiras e os hinos, do Brasil e do Rio Grande do Sul, nas festas, nas solenidades, nos desfiles de cavalaria e nas sedes são comuns os quadros retratando os nossos heróis e figuras patrióticas. O gaúcho tem duas pátrias: a Pátria Grande, que é o Brasil e Pátria Pequena, ou Chica, que é o Rio Grande do Sul.
  • Aspecto filosófico – O aspecto filosófico do Tradicionalismo é dado pelos quatro documento básicos que norteiam obrigatoriamente (aprovado em três congressos e uma convenção) todos os centros de tradições gaúchas. O primeiro é a tese “O sentido e o valor do Tradicionalismo Gaúcho”, de Barbosa Lessa, aprovada no I Congresso Tradicionalista do RGS, em Santa Maria, julho de 1954. O segundo é a tese “A função acultuadora dos centros de tradições gaúchas”, de Carlos Galvão Krebs, aprovada no II Congresso Tradicionalista do RGS, julho de 1955. O terceiro é a Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista do RGS, de Glaucus Saraiva, aprovada no VIII Congresso Tradicionalista do RGS, em Taquara, julho de 1961 e o quarto é a tese “A função social do MTG”, redigida por Antônio Augusto Fagundes sob orientação de Onésimo Carneiro Duarte, aprovada pela Convenção Tradicionalista de Lagoa Vermelha, em julho de 1984. Esses quatro documentos fundamentais ditam a filosofia do Tradicionalismo, dando-lhe unidade e tornando-o um movimento. Se não, haveria entidades tradicionalistas com orientação própria, sem um sentido comum, como sucede em outros países.
  • Aspecto ético – Esse é o aspecto da filosofia não escrita do tradicionalismo, que diz sobre o permitido e o proibido dentro das entidades tradicionalistas, mas informalmente. Porque não se realizam bailes de carnaval dentro de um CTG? Porque o Papai Noel não entra em CTG? Porque não existe homossexual no tradicionalismo? Porque não existe droga? Perguntas frequentes mas, nada disso é proibido pelos estatutos e regimentos internos e, no entanto, a ética do tradicionalismo disciplina esses assuntos sem o uso das sanções, apenas por sua força intrínseca, forte como tudo o que a gente leva naturalmente dentro de si.
  • Aspecto associativo – Toda a entidade tradicionalista reveste obrigatoriamente o caráter de associação civil, organizada e registrada de acordo com a lei brasileira. O tradicionalismo é obrigatoriamente coletivo. Individual, quando muito, a tradição.
  • Aspecto recreativo – Além de tudo o que oferece, o tradicionalismo precisa oferecer aos associados também recreação. Lá está a roda de mate, o churrasco, o arroz-de-carreteiro, o cigarro palheiro e o infaltável fandango, que é o momento de recreação por excelência do tradicionalismo.
  • Entre os aspectos específicos, ou culturais, do tradicionalismo, estão as ciências e as artes.
    As ciências são todas aquelas que, com seus conhecimentos, podem auxiliar o movimento no que se propõe. A história diz do passado glorioso, homens e momentos que construíram o Rio Grande do Sul. A geografia localiza pagos e querências, rios, lagoas, cerros, onde às vezes as lendas também estão presentes. A linguística estuda o falar gauchesco. A zoologia, bichos como o cavalo e o boi, fundamentais na história do gaúcho. A botânica, estuda árvores e plantas. Sem essa ciência, como saberíamos sobre a erva-mate? E, além dessas, muitas outras ciências mais.
     

O tradicionalismo

Gauchos cultuando a tradição.
Tradição e nativismo podem andar com uma única pessoa. Existem no singular. Tradicionalismo, não é obrigatoriamente associativo, coletivo. Tradicionalismo é um movimento cívico-cultural. É a tradição em marcha, resgatando valores que são válidos não por serem antigos, mas por serem eternos, exatamente os valores que trouxeram o Rio Grande e o gaúcho do passado para o presente, projetando-os no futuro.
Desde o século XIX, a fundação de entidades tradicionalistas aponta para a tentativa de se organizar a tradição como movimento.
Em 1857, funda-se na Corte do Império Brasileiro (Rio de Janeiro) a Sociedade Sul-Riograndense, de cunho tradicionalista. Entre seus fundadores, Pereira Coruja, autor da primeira pesquisa de folclore feita no Rio Grande do Sul. Os demais eram homens ricos, intelectuais, jornalistas, que fugiram das guerras que lavraram episodicamente no sul. A Sociedade Sul-Riograndense existe até hoje, é muito rica e tem inclusive, um CTG, o “Desgarrados do Pago”, com sede social e campeira, onde realiza até rodeios crioulos.
No Uruguai, em 1894, poetas e outros artistas e intelectuais platinos fundam a Sociedad La Criolla, oficialmente para o culto das tradições gauchescas, mas na realidade para combater a invasão dos "gringos", dos descendentes de italianos, que arrancavam para o campo uruguaiano com muita força.
No Rio Grande do Sul, a 22 de maio de 1898, o Major João Cezimbra Jacques, do Exército brasileiro, gaúcho de Santa Maria (Rio Grande do Sul), inspirado na Sociedad La Criolla, funda em Porto Alegre o Grêmio Gaúcho, para unir os rio-grandenses desunidos pela sangrenta Revolução de 1893 ou Revolução Federalista, que se prolonga até 1895. O Major Cezimbra Jacques, que é hoje patrono do Movimento Tradicionalista Gaúcho, tentou efetivamente deflagrar um movimento tradicionalista, incentivando a fundação de sociedades congêneres nas demais cidades gaúchas. Em Pelotas, funda-se a 10 de setembro de 1899 a União Gaúcha, mais tarde chamada "União Gaúcha J. Simões Lopes Neto", que teve em suas lideranças nada menos que o grande escritor João Simões Lopes Neto. Em Bagé, seis dias mais tarde (16 de setembro de 1899) funda-se o Centro Gaúcho.
Chega o século XX e a 12 de outubro de 1901 funda-se em Santa Maria o Grêmio Gaúcho, claramente atendendo ao chamamento de Cezimbra Jacques, "cria da terra".
Cezimbra Jacques é transferido para o Rio de Janeiro, onde morre, alguns anos mais tarde, sem voltar aos pagos. A União Gaúcha ainda resiste vários anos, mas termina paralisando suas atividades. Do Centro Gaúcho, de Bagé e do Grêmio Gaúcho, de Santa Maria, pouco se falou, depois da festa de fundação. Desapareceram sem maiores consequências. O próprio Grêmio Gaúcho de Porto Alegre termina abandonando sua missão pioneira e, apesar do vasto e valioso patrimônio em imóveis que ainda hoje tem, agora é apenas uma associação suburbana, fechada, na mão de poucos, que há de ser mais cedo ou mais tarde desapropriado em função do seu valor histórico.

Tradicionalismo gaúcho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Brasão do Rio Grande do Sul. Um dos maiores símbolos tradicionalistas.
Tradicionalismo gaúcho é um movimento cívico-cultural que valoriza e preserva as tradições gauchescas do Rio Grande do Sul. Tradicionalismo gaúcho, ou movimento tradicionalista rio-grandense, que deriva do termo tradicionalismo - sistema filosófico que coloca a tradição como critério e regra de decisão -, foi criado por João Cezimbra Jacques que sonhava com um movimento que unisse e congregasse a família gaúcha em torno de ideais comuns. Cezimbra Jacques, pensando nisso, fundou, em Porto Alegre, a 22 de maio de 1898, o Grêmio Gaúcho.

Tradição

Essa palavra vem do latim, do verbo tradere (traditio, traditions), que quer dizer trazer até, entregar. Em Direito, tradição significa entrega. Em um sentido mais amplo, que é o que interessa para o presente estudo, tradição quer dizer o culto dos valores que os antepassados nos legaram, nos entregaram. No tradicionalismo, ela é evidentemente falsificada.
Todo grupo social, toda a nação, tem sua própria escala de valores e é essa escala que torna os povos distintos entre si. Os gaúchos se distinguem de outros brasileiros – e mesmo de outros povos, no mundo – porque tem uma escala de valores muito característica, pois cultuam os valores muito mais do que outros estados acham. Fique claro, porém e desde já, que a Tradição não é uma exclusividade gauchesca.

Nativismo

Os valores do culto à Tradição mais característicos do Rio Grande do Sul são o nativismo, a coragem, a hospitalidade, a honra, o respeito à palavra empenhada, o cavalheirismo, além de outros.
Assim, vê-se desde logo que o Nativismo não é um culto, como a Tradição, mas um dos valores desse culto. Nativismo é o amor que a pessoa tem pelo chão onde nasceu, onde é nato. E esse amor existe em todos os lugares, não é patrimônio exclusivo do gaúcho. Os gaúchos tem em seu vocabulário duas palavras muito bonitas ligadas ao Nativismo: pago e querência. Pago é onde se nasceu. Querência é onde se vive. Às vezes se confundem, porque é muito comum as pessoas nascerem e viverem no mesmo lugar. Às vezes, não. Um diálogo muito comum é este: “De onde tu és cria, vivente?” “Eu sou dos pagos do Alegrete, mas estou aquerenciado em Porto Alegre”.
O gaúcho é tão nativista que chega a ser bairrista e o bairrismo deve ser percebido como a caricatura do Nativismo. Existem rivalidades bairristas entre cidades gaúchas, alimentadas pela juventude, sobretudo no carnaval e no esporte: Alegrete x Uruguaiana, Alegrete x Quaraí, Santa Maria x Cachoeira do Sul, Dom Pedrito x Bagé, Rio Grande x Pelotas, Passo Fundo x Carazinho, Caí x Montenegro, Júlio de Castilhos x Tupanciretã, Caxias do Sul x Bento Gonçalves, São Leopoldo x Novo Hamburgo, Estrela x Lajeado e assim por diante. E apelidos, da mesma origem: os alegretenses são chamados “café-com-leite” e, por sua vez, chamam os uruguainenses de “farinheiros” e os quaraienses de “barbicachos”. Os moradores de Tupanciretã são chamados de “repolhos” e, por sua vez, chamam os habitantes de Júlio de Castilhos de “fincão” e os da Capela dos Quevedos de “papudos”. Os moradores da cidade de Rio Grande são os "papa-areias", ou "bicuíras". Os de Santa Vitória do Palmar são os "mergulhões".
Difícil ter um povo tão nativista como o gaúcho. Por isso, existe uma tendência para se chamar de nativista a arte que nasce da terra: teríamos assim a poesia nativista, o romance nativista, a música nativista, a canção nativista. O melhor, quando se fala em arte é dizer, simplesmente, "regionalista gauchesca".

Sauerkraut com salsichas

Colonização alemã

Imigrantes alemães fixaram-se na região sul a partir de 1824, instalaram-se em pequenas propriedades rurais, diversificando a economia. No começo, os alemãs ocuparam a região do Vale do Sinos, entretanto, após a guerra dos farrapos, foram se separando e fundando colônias nas margens de alguns rios. Os colonos passaram a produzir alimentos até então não cultivados no Brasil, como por exemplo a batata, o que lhes conferiu o apelido de alemães batateiros. Os colonos também foram os responsáveis pelo início da produção do Queijo Colonial, famoso na região da serra gaúcha.

Culinária

A cozinha típica tem como prato principal o churrasco (pedaços de carne cortados de modo especial, colocados em espetos e postos a assar em uma churrasqueira). A bebida típica é o chimarrão (chá de erva-mate quente e amargo sorvido por meio de uma bomba). O vinho e o curtido de cachaça com butiá são outras das bebidas preferidas dos gaúchos.

O charque

Antigamente, o atual território do Rio Grande do Sul era habitado pelos índios, os guaranis, que viviam da caça e da pesca. Ocupavam as margens da lagoa dos Patos, o litoral norte e as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí incluindo a região noroeste; os pampeanos, que ocupavam a região sul e sudoeste e os gês, talvez os mais antigos habitantes no lado oriental do rio Uruguai. Como tentativa de retirar os índios da mata para poder catequizá-los, os jesuítas introduziram no Estado o gado. Os índios passaram então a tomar conta do rebanho, que era criado solto, e comer sua carne tendo sempre farta comida a sua disposição e em troca aprendiam com os jesuítas a cultura européia e construíam casas, surgiram assim as missões.
Com a entrada dos tropeiros de São Paulo e Minas Gerais no Sul, os índios foram caçados e levados como escravos e os jesuítas voltaram para a Europa. O gado, como era criado solto, continuou a se reproduzir e se espalhar pelo sul do continente, pois não havia um predador para caçá-lo.
Quando os tropeiros voltaram para o Rio Grande do Sul havia milhares desses animais, o gado selvagem. Começaram, então, a matá-los para lhes extrair o couro crú, que era levado e vendido nos outros Estados. Para conservarem a carne que sobrava e a usarem como alimento em suas longas viagens, os tropeiros começaram a conservá-la rolando-a em sal grosso para desidratá-la surgindo assim o charque.

 

 CHURRASCO

Califórnia da Canção

A Califórnia da Canção Nativa é um evento musical considerado como patrimônio cultural do estado, ocorre a cada ano em diversas cidades, com a final no mês de dezembro em Uruguaiana. Considerado pelo governo um modelo de divulgação da música regional rio-grandense, onde através da triagem de mais de 500 músicas com estilos regionais, na final é selecionada a melhor composição.[34] Danças típicas do estado são o bambaquerê (espécie de quadrilha), e congada (auto popular), a chimarrita (fandango), a jardineira (dança figurada e cantada, de pares soltos) e a quebra-mana (dança sapateada e valsada). Nas zonas de colonização alemã, realizam-se os kerbs, bailes populares que duram em geral três dias.

Eventos

Vista parcial do Parque de Exposições Mário Bernardino Ramos (Pavilhões da Festa da Uva).
Dentre as festas religiosas do estado, destacam-se, na capital, a procissão fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes, em 2 de fevereiro; a festa do Divino, celebrada na igreja do Espírito Santo; e as procissões de Corpus Christi e de Nossa Senhora Madre de Deus, (padroeira de Porto Alegre).
Ainda na capital, realizam-se exposições anuais de animais e produtos derivados (agosto), a Semana Farroupilha (14 a 20 de setembro) e a exposição estadual de orquídeas (de a 8 de dezembro); em Santana do Livramento e São Borja realizam-se exposições agropecuárias (outubro); em Caxias do Sul, a famosa Festa da Uva (fevereiro); e em Gramado, a Festa das Hortências (bienal) e a Feira Nacional de Artesanato (anual); em todas as cidades da campanha gaúcha realizam-se rodeios (reunião de gado para contagem, cura ou venda); em Pelotas acontece a Festa Nacional do Doce (Fenadoce), a maior feira do Brasil de doces, o evento acontece entre os meses de junho e julho no Centro de Eventos Fenadoce; em Rio Grande acontece a Festa do Mar, voltada aos frutos do mar, pescados em geral, acontecendo normalmente na época da Páscoa, bom como a FEARG, voltada ao artesanato, comércio e etnias locais, e a Festa de Iemanjá, realizada no dia 2 de fevereiro, recebendo umbandistas, fiéis e simpatizantes de várias cidades do estado e até de outros países. Em várias cidades do estado acontecem eventos literários conhecidos por Feira do Livro, destacando-se as de Passo Fundo, praia do Cassino e, principalmente, a de Porto Alegre.

Pontos turísticos

Além dos monumentos históricos e das festas religiosas e populares, destacam-se na capital o palácio Piratini (sede do governo estadual), a catedral metropolitana, a igreja Nossa Senhora das Dores, o parque Farroupilha, o auditório Araújo Viana, a ponte móvel da travessia Getúlio Vargas, o morro Santa Teresa (cujo belvedere proporciona uma visão panorâmica da cidade), o Theatro São Pedro, e o hipódromo do Cristal.
No litoral contam-se alguns balneários conhecidos. Os principais são os de Torres, com as praias Grande, da Guarita, da Cal e a Prainha; e os de Rio Grande, com a praia do Cassino, os molhes da barra, o Navio Altair, entre outros, sem esquecer da praia da Capilha, na Lagoa Mirim. Em Capão da Canoa, estão localizadas as praias de Araçá, Arco-Íris, Guarani, Zona Nova, Noiva do Mar, Rainha do Mar e Capão Novo; em Tramandaí, as praias Jardim Atlântico, Oásis do Sul e Jardim do Éden.
Entre os pontos de interesse turístico da zona serrana, destacam-se as cidades de Canela, Gramado e São Francisco de Paula, com parques e cascatas. Também na região serrana se encontram as cidades de Caxias do Sul e Bento Gonçalves, centros de produção vinícola.

 

Acervo arquitetônico

O estado possui rico acervo arquitetônico e dispõe de inúmeros monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), entre os quais se destacam a igreja de São Sebastião, em Bagé, construída em 1863 e onde repousam os restos mortais de Gaspar da Silveira Martins; o forte inacabado de Dom Pedro II, em Caçapava do Sul; o palácio do governo farroupilha (hoje Museu Farroupilha), o quartel-general farroupilha e a casa de Giuseppe Garibaldi, em Piratini; a Catedral de São Pedro, em Rio Grande; as ruínas do Povo e da igreja de São Miguel, em Santo Ângelo; os casarões, a Catedral, o Theatro 7 de abril(o mais antigo em funcionamento no Brasil), o Teatro Guarany, Catedral no Centro, a Igreja do Porto, os Casaróes na praça Coronel Pedro Osório, o Mercado Central e as Charqueadas em Pelotas; a igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Viamão.

Cultura

O natural do Rio Grande do Sul é chamado de gaúcho.
Sou gaúcho forte, campeando vivo
Livre das iras da ambição funesta;
Tenho por teto do meu rancho a palha,
Por leito o pala, ao dormir a sesta.
Monto a cavalo, na garupa a mala,
Facão na cinta, lá vou eu mui concho;
E nas carreiras, quem me faz mau jogo?
Quem, atrevido, me pisou no poncho?
João Simões Lopes Neto
O Rio Grande do Sul apresenta uma rica diversidade cultural. De uma forma sucinta, pode-se concluir que a cultura do estado tem duas vertentes: a gaúcha propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que habitavam os pampas; a outra vertente é a cultura trazida pela colonização européia, efetuada por colonos portugueses, espanhóis e imigrantes alemães e italianos.
A primeira é marcada pela vida no campo e pela criação bovina. A cultura gaúcha nasceu na fronteira entre a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os gaúchos viviam em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles acabaram por se estabelecer em grandes estâncias espalhadas pelos pampas. O gaúcho era mestiço de índio, português e espanhol, e a sua cultura foi bastante influenciada pela cultura dos índios guaranis, charruas e pelos colonos hispânicos.
Dança típica gaúchesca.
No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser colonizado por imigrantes europeus. Os alemães começaram a se estabelecer ao longo do rio dos Sinos, a partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes latifundiários gaúchos que habitavam os pampas. Até 1850, os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam pequenos proprietários, porém, após essa data, a distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades do Vale dos Sinos. A partir de então, os colonos alemães passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas regiões do Rio Grande do Sul.
A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras do Rio Grande do Sul foram outra etnia: os italianos. Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais retrista, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos e introduziram na região a vinicultura, ainda hoje a base da economia de diversos municípios gaúchos.

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